A fumaça entornava do cachimbo. Dedos negros, grossos, seguravam o cabo encurvado. Olhar confuso. Dúvidas emergiam, talvez. Sentou-se no toco que restou da árvore. De repente, o cachimbo apagou. Olhar de mormaço. Leve sorriso na boca. Era a hora! Os bongôs voltaram a estalar rapidamente. O negro, com o cachimbo agora no beiço, voltou a cantarolar algo que eu não poderia descrever. E todos de uma vez soltaram falas e cantos de seus âmagos. Nisso senti primeiro um incômodo, um desgosto, uma penura. Depois, tudo agradável. Minha boca se abriu e sem querer comecei a recitar versos inexistentes, em língua ainda não descoberta. Minhas pernas se mexiam como nunca e uma dança se desenhou por entre o terreiro, movida quem sabe pelo atabaque, pisando, por vezes, em ervas e incensos.
Legal.
ResponderExcluirSabe que eu morro de curiosidade de saber como são essas coisas. Mas tenho um medinho também, melhor deixar pra lá. :P
(Olhar de ressaca, olhar de mormaço... esses escritores inventam cada uma.)
Nossa! Achei bem legal! Um texto denso, meio pesado. Parece que a gente sente a mesma emoção do personagem.
ResponderExcluirSe é papo de ônibus, então é 'venério'... Contudo, o que seria o 'olhar de mormaço'?
ResponderExcluirBelo conto... Um conto contado por um contante onibusístico historadante!
Gostei...
Muito bom. Eu imagino que o autor desconhecido não escreveria tão bem a história. Pena que as conversas de ônibus que ouço sem querer são na maioria das vezes relatadas por meninas adolescentes.
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