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O livro de Órion

Era dado como morto. O método mostrou-se falível, e as risadas revelaram-se armas perigosíssimas e traiçoeiras. Braços e pernas dos desafortunados assemelhavam-se às rochas escondidas na relva: pareciam tão duros quanto o agregado de minerais que as formavam. A teia era tecida verticalmente aos corpos, enrolando-os tão perfeitamente como a natureza o é. Sabiam disto: precisavam ter verificado se ele havia de fato morrido. Ninguém teve coragem de entrar na cratera onde ele caíra. Os desgraçados tinham a vitória como certa! Viam, enfim, que a expedição falhou. Bastavam a eles nenhum comentário, nenhuma fala, nenhuma prece. Por isso, as feições fechadas. Os sorrisos amarelos já desfeitos. A bestial figura reluzia em suas íris. Ela se aproximou. Cheirou as estátuas humanas vivas e salivou. Mas, antes de manipular aquele presente do crepúsculo, abriu uma pequena vala ao lado dos seres, grande o suficiente para caberem os seus ossos.

3 comentários:

  1. No fim das contas, os esforços foram em vão... E lá estavam os ossos juntos, no chão... Entrando em decomposição!

    Hehe... Ficou muito bom! Belo retorno!!!

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