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Transformação

Os uivos vinham de fora. Ele espiou pela fechadura... só penumbra. A luz começou a ceder. O medo fez com que fizesse coisas estranhas, como sussurrar: “vão embora!”, “vão embora!”. Ora, nem ele conseguia ouvir. E os uivos continuavam. Sua mente já era só instintos. Foi quando finalmente a lua cheia brilhou sem incômodos no céu que ele pôs de uma vez porta abaixo. Enquanto corria, os pelos brotavam em seu corpo e um manto se formou. A cara de lobo foi lapidada e os músculos das patas eram tão fortes quanto o berro que soltara e que ecoava pelo vale:

– Uuuuuuuuuuuuuuhhhhhhhhhhhrrrrrrrrrrrrrrrrr!

Admiração

Hoje acordei, olhei o céu e fiquei feliz de novo. Azul-clarinho donde eu estava. Mas, outros também o admiravam e aquilo parecia legal. Então, não perdi tempo, tanto que não pensava em fazer nada a não ser observar o céu. Você pode achar estranho, mas ninguém arredou o pé. E quanto mais eu me esforçava, esticando meu pescoço ao máximo, mais eu via outros admirando o alvorecer. E assim foi o dia todo. Ah!, Senhor tomara que isso dure bastante. O que será que vêm depois da morte? É que, sabe, eu adoro ver esse céu clarinho, junto com todos. Por enquanto, agradeço a Deus pela vida; por ser uma margarida bela e vistosa.