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É MELHOR NÃO NOMEÁ-LO

Ele é uma daquelas figuras que encontramos na literatura cujo nome, por prevenção, providência, precaução, é melhor não mencionar. Fiquei, para o meu desespero, frente a frente com Ele, sendo que nem em meus piores pesadelos isso acontecera. Porém, curiosamente, não tive receio. Procurei agir normalmente porque sabia que ali, entre meros mortais, Ele não avançaria. Aliás, seu feitio é outro. O caráter o abandou há longo tempo, e o ataque pelas costas realmente é seu maior trunfo. Tremi um pouco – é, devo assumir. É que existe uma linha tênue entre a coragem e o medo, e com uma escorregada dessas você pode se afundar no mundo negro do pavor, ou pode, como o Bison em sua rasteira avassaladora, derrubar o seu adversário. Eu não fiz nem um nem outro. Sabia que ali não acarretaria batalha nenhuma. É que Ele prefere, como relatei, atacar quando está tudo escuro, quando os olhos cerram e o corpo não aguarda. E se você estiver em sua lista saiba que hora ou outra você será ameaçado ou atacado. Reze para todos os santos, saia de sua frente antes que ele te arruíne, faça diversas promessas, fure os olhos dele em um vudu, ou pegue-o de surpresa e prosterne-o. Se bem que é difícil. Para você ter uma ideia, quando me retirava de frente dele, Ele me fitou com ar de vitória e implicitamente anunciou que o ataque será em breve. Sinceramente, escorreguei mansamente para o mundo do medo, o mundo negro do pavor.

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